O perdão é uma graça que Deus nos dá para prosseguirmos no caminho após um ferimento profundo. Ele age como uma cauterização, curando de dentro para fora. Sim, a cicatriz permanece, pois as lembranças são a garantia de que temos uma história. A questão não é lembrar ou não, mas como nos sentimos ao lembrar. E a palavra “cura” ,aplica-se perfeitamente neste caso, visto que, por algum motivo, houve uma ferida e, o perdão sobre essa ferida evita, metaforicamente, infecção e até necrose.
O perdão é um remédio. Na hora, pode ser amargo, mas faz bem, alivia o mal-estar interior. Jesus nos deixa esse antídoto: “Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento” (Ef. 4, 26). Aqui aplica-se tanto ao externo (perdão para com o outro) quanto internamente (perdão para consigo). O Senhor nos pede o perdão como base para cura, mas, se não conseguirmos nos perdoar, não poderemos receber aquilo que Ele quer nos dar, porque a falta de perdão bloqueia a graça.
Perdoar a si mesmo é mais difícil do que perdoar aos outros, afinal, para isso acontecer, precisamos identificar as nossas faltas, nossos limites e os pecados que cometemos. Reconhecer as nossas limitações e fraquezas é aceitar como somos, mesmo que não nos aprovemos. Porém, daí em diante, devemos buscar vigiar para não cometermos os mesmos erros. Errar faz parte, mas o que não pode prevalecer em nossa vida é a vivência no erro.
Precisamos entender que o perdão não nasce do nosso sentimento, mas sim da nossa decisão que vem do amor, é uma graça que Deus nos dá. Muitas vezes, a cura de uma raiva, de um medo, de uma ansiedade, de um sentimento de solidão, tristeza, culpa, até mesmo doenças físicas e psíquicas depende somente de nós liberarmos o perdão. É uma iniciativa que beneficia, em primeiro lugar, quem a libera. É muito mais para mim do que para a pessoa que me ofendeu. Por isso, a decisão de perdoar depende mais de mim do que dos outros.
Você quer ter autonomia sobre sua história? Perdoe quantas vezes for necessário. A mágoa nos coloca na mão do outro e o perdão nos devolve o equilíbrio de nós mesmos. Quanto mais perdoamos, mais ficamos revestidos da graça de Deus. Perdoar é assumir o presente, é viver e mergulhar nele, é sofrer por aquilo que não posso mudar ou resolver, afinal não podemos mudar o passado. É também decidir por uma nova vida buscando, primeiramente, o Reino dos Céus. Jamais esqueçamos que, ao machucar uma pessoa, você se torna inferior a ela, ao se vingar, você se iguala. Só é superior quem aprende a perdoar.
Peçamos ao Senhor, que é rico em misericórdia e quis Ele primeiro nos dar o seu perdão, que nos ensine a perdoar, a ser como Ele: “Lentos para a cólera e rápidos para a misericórdia” (Sl. 103, 8-9).
Oliana Lima – 3º Elo Comunidade Renascidos em Pentecostes.
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