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O mover do Espírito Santo no Antigo Testamento e nos Evangelhos

Diante da grandiosidade do Espírito Santo, observa-se que Ele desenvolve inúmeras atividades, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, principalmente nos Evangelhos. Atribuindo poder, movendo, purificando, revelando, guiando, agitando, esvoaçando, como as asas de um pássaro.


Esse papel de criador do Espírito Santo é mencionado em Jó 26,13: “Pelo Seu Espírito ornou os céus” (Sl 33,6), também fala metaforicamente do Espírito Santo na Criação: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo Espírito da Sua boca”. Bem no começo da Sagrada Escritura, encontramos referências ao Espírito Santo. A narrativa da Criação se inicia com Ele se movendo sobre a face das águas quando a terra estava no seu caos primordial (Gn 1,2).


No Antigo Testamento, percebemos claramente o mover do Espírito Santo na criação, na vida dos patriarcas, em toda a história de Israel. O Espírito Santo tem uma relação muito grande com os profetas, pois eles falavam sob a direção e unção do Espírito de Deus. Já no Novo Testamento, é singular e inspiradora a narrativa da trajetória e obra do Espírito Santo nos Evangelhos. São citações dos profetas, argumento do Anjo Gabriel, mas o mais significativo é o que o Senhor Jesus Cristo diz sobre o Paráclito. São operações visíveis do ser invisível.


É emocionante e edificante saber que Ele está sobre a Igreja e no coração dos redimidos, mostra não só a promessa, mas também o evento concreto do Espírito Santo descendo sobre Maria e sobre os Apóstolos no dia de Pentecostes, assim como atuando na vida da Igreja (No Pentecostes em particular, dá-se uma verdadeira pneumatofania, ou seja, a manifestação do Espírito Santo). Que esse Espírito seja distinto do Pai e do Filho e ao mesmo tempo unido a Eles em igualdade profunda, torna-se claro quando vemos Pentecostes à luz das promessas de Jesus no ”discurso de despedida” em S. João: “Quando vier o Paráclito, que eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da Verdade que vem do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26; cf. ainda 14,26; 16,12-15). A história da criação é verdadeiramente a manifestação do Espírito Santo. Os Evangelhos, que significam boas notícias, se apropriam da doutrina da Criação do Antigo Testamento, e traz o mover do Espírito Santo que é fundamental para o novo nascimento de uma alma, sua semelhança com o vento e a respiração é usada. Ezequiel teve através do vale de ossos secos a visão do vento, (Ez 37,1-14), que vem para animar os corpos sem vida por toda a eternidade.


Como disse Yves Congar em sua obra Ele é o Senhor que dá a vida: “o Espírito Santo não tem rosto, quase nem nome próprio tem, é o vento que não se vê, mas faz balançar as coisas”. O Espírito Santo esteve presente na história, no Antigo Testamento e muito forte nos evangelhos e hoje atua na humanidade e na Igreja, em seus grandes momentos de transformação, conduzindo e inspirando seus passos. Vemos algumas citações sobre o Espírito Santo e suas obras nos evangelhos, ei-las: - O que está gerado em Maria é do Espírito Santo: Eis que, em sonho, lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: “José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo.” Mt 1,20. Somente o poder miraculoso para fazer uma virgem conceber e gerar um filho. – Isabel ficou cheia do Espírito Santo ao ouvir a saudação de Maria: “E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,” Lc 1,41. A mãe de João Batista sentiu a presença e a manifestação do Espírito Santo ao receber a visita de Maria, que estava grávida do Verbo, Jesus Cristo. – Jesus outorgou o Espírito Santo, aos discípulos: “E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” Jo 20,22. A única exceção aberta por Cristo antes de sua volta ao céu.


Era o selo do apostolado para cumprir sua missão de apregoar, perdoar e cumprir os desígnios do Senhor naqueles dias antes do dia de Pentecoste. Todas essas citações acerca do Espírito Santo são imprescindíveis aos Cristãos, por isso não devemos apagá-Lo das nossas vidas e nem entristecê-Lo. Enchei-vos do Espírito Santo, exorta Paulo! O evangelista Lucas, da ênfase ao Espírito Santo com muitos detalhes; é a linha condutora, na história os fatos são narrados pelo Espírito Santo. É Ele quem comunica, opera a ação Salvífica pela História. Ele aparece nos momentos decisivos na vida de Jesus Cristo e dos Apóstolos. (Encarnação, Ministério Público, na viagem para Jerusalém, na Comunidade Nascente, onde os discípulos são impulsionados).


O Espírito Santo, secretamente, conduz a obra de Deus no mundo, conforme a Sagrada Escritura. A história é como uma imensa peça que não é encenada apenas no palco público. Santo Irineu compara o Espírito Santo a um diretor de teatro. Ele conduz o drama da salvação no palco da história de modo que os homens o conheçam e se deixem possuir por ele. (Yves Congar).


O Papa Francisco, em uma de suas homilias fala dos nomes que os Evangelhos dão ao Espírito Santo: “O Espírito Santo que nos ensina tudo é Ele que faz crescer a fé, que nos introduz no mistério, é o Espírito que nos recorda”. Lembra-nos a fé, recorda-nos a nossa vida e, neste ensinamento, nesta memória, é o Espírito que nos ensina a discernir as decisões que devemos tomar. E aqui os Evangelhos dão um nome ao Espírito Santo: sim, Paráclito, porque vos sustenta, mas também outro nome mais bonito: Dom de Deus. O Espírito é Dom de Deus. O Espírito é precisamente o Dom. Não vos deixarei sozinhos, enviar-vos-ei um Paráclito que vos apoiará e vos ajudará a continuar, a recordar, a discernir e a crescer. O Dom de Deus é o Espírito Santo.


(Homilia do Papa Francisco- Capela da Casa de Santa Marta, 11 de maio de 2020).


Por João Reis – Bel. Teologia Membro do terceiro elo da Comunidade Renascidos em Pentecostes



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONGAR, Yves. A Palavra e o Espírito. Vol. 8, ed. Loyola. São Paulo. 1989. ___CONGAR, Yves. Ele é o Senhor que dá a vida. Vol. 2, 2 ed. Paulinas. São Paulo. 2010. BÍBLIA, A Bíblia de Jerusalém. Paulus, São Paulo. 1973.

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