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Jardim secreto


Os maiores e mais belos jardins do mundo são bem significativos por sua beleza. A exemplo temos o Koishikawa Korakuen, em Tóquio – Japão, que presenteia seus visitantes com o jardim das flores avermelhadas da primavera e as belas flores de cerejeiras em abril. Vale citar o Château de Villandry – Vale do Loire na França - esse jardim foi elaborado no século XVI e teve, como inspiração, trabalhos renascentistas italianos; suas simetrias encantam e remetem a um labirinto. Outro exemplo é o De Keukenhof – Amsterdã, Holanda - O parque fica perto do centro de Amsterdã e tem tulipas de inúmeras cores e espécies que inspiraram Holambra no Brasil pela excepcionalidade de suas cores e flores. No Brasil, o Le Jardim, em Gramado (RS) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro foram produzidos para se admirar[i]. O cheiro e a beleza seduzem, reanimam e revigoram e, aqueles que contemplam a Palavra do Senhor, poderão experimentar nesses lugares o que diz o salmista “Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma...” (Sl 23,2-3).[ii]

Porém, os mais belos jardins do mundo, apesar de sua importância e imponência são passageiros e podem se encerrar nesse exato momento, pela permissão de Deus, o criador de tudo. De tal modo, as pessoas, talvez, perderiam a chance de apreciar tamanha beleza, haveria uma comoção mundial, um esforço para reconstruir cada canteiro com novas flores, novos conceitos e novas formas de revigoramento do lugar. No entanto, o que significaria aquele jardim que está mais próximo de mim, o meu Éden particular?

A Palavra de Deus relembra em Gênesis “o momento em que o Senhor Deus passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face Dele no meio das árvores do jardim” (Gn 3,8). Esse trecho vem lembrar que o homem e a mulher tinham um jardim e eles tinham a posse do comando daquilo que, no início, era um belo refúgio, mas que, em seguida, virou esconderijo da vergonha de se estar na presença do criador de todas as coisas. O eterno paraíso havia acabado, a beleza da natureza não existia mais para eles, apenas restava a dor de um corpo devastado pelo pecado da desobediência. No entanto, Deus nunca quis que o remate de seus filhos fosse definitivamente trágico. Ele teve um plano estratégico de reconstruir seu predileto jardim, o coração humano. Disse o profeta: “porque o Senhor vai ter piedade de Sião, e reparar todas as suas ruínas. Do deserto em que ela se tornou ele fará um Éden, e da sua estepe um jardim do Senhor. Aí encontrar-se-ão o prazer e a alegria, os cânticos de louvor e as melodias da música”. (Is 51,3)

Desta forma, existe um lugar que é diferente de qualquer outro no mundo, um lugar onde existe o “sonda-me”, o “tocar de cura”, onde as lágrimas salvam e faz renascer a vida. Porém, encontrar esse lugar exige quebrantamento, exige abaixar-se, exige uma entrega total para a semeadura.

Deus manteria sinais de transformação. Jesus precisou do colo de Maria sem mácula para chegar à vida humana, porém, a morte pareceu o fim das esperanças em Seu tempo. No entanto, aonde parecesse perda, nada estaria acabado; por lá estaria um jardim, como está no livro de João 19,41[iii]: "No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado". Jesus foi transferido para outro lugar, um lugar novo sem mácula de onde voltaria ressuscitado, Deus vivo entre nós.

Séculos se passaram e Deus permitiu um meio que derrotaria os inimigos dos filhos da Igreja, uma arma que se construiria com balbuciar de lábios, respirações tormentosas, olhares e lágrimas. Deus permitiu que joelhos se dobrassem, que orações se rogassem, e que a mulher vestida de Sol voltasse a se compartilhar com os filhos no deserto da dor de corações chagados pelas guerras, de corpos famintos, de famílias dilaceradas e de mentes descrentes por meio da intercessão incessante pela misericórdia e piedade. Deus permitiu uma arma distinta das outras, ela se construiria com rosas espirituais, sob os elos de oração do Santo Rosário. [iv]Cortante para o inimigo, fatal para suas investidas, o Rosário, por conter 150 Ave-Marias, chamava-se “saltério de Jesus" e da Virgem, cujo significado é “coroa de flores da Santíssima Virgem que lhe são oferecidas tantas rosas quanto Ave-Marias rezadas, e tantas coroas de rosas quanto Rosários rezados.

Diz a Palavra de Deus [v]"Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á (Mt 6, 6)". Começa assim, a preparar seu jardim secreto, com uma dezena do terço. Um lugar oculto que precisa estar preparado para receber quem deve governar, um lugar que deve ter a certeza que será refúgio e refrigério para a alma. Esse lugar secreto precisa estar bem, estar calmo para ouvir o Senhor. A oração do Rosário foi e é capaz de encerrar conflitos e impedir o coração do mais violento a continuar a irar-se. Se os casais orassem e rezassem o Rosário jamais se separariam, se os jovens desse século tivessem o terço nas mãos e nos lábios, jamais brigariam, se as crianças tivessem o costume de rezar as Ave-Marias, não desobedeceriam seus pais e ouviriam os mais velhos. Se o crente mais atento fosse fiel à sua devoção a Deus continuaria a pregar a Palavra e não perderia tempo criticando a devoção ao Santo Rosário de Nossa Senhora. Porque a Palavra de Deus edifica e fortalece e o Terço constrói os mais belos jardins no coração humano.

Maria foi a primeira apaixonada por Deus e o Amor foi o que a conduziu a enfrentar todos os desafios. Contudo, a experiência de rezar o Terço pode parecer impossível, mas a cada “Pai – Nosso” se pode invocar o Pai para perto de si, santificar o Seu nome e pedir que seja feita Sua vontade sobre nós; a cada “Ave-Maria” o coração mais desesperado se acalma, e se pode sentir um conforto e o rebaixamento necessário à ação de Deus em nossa alma. Depois, ao invocar cada “Glória”, nosso Deus é exaltado e lembrado em Sua forma una e trina, para agora e para a eternidade. Essa oração forma um ambiente propício para um novo jardim, um novo ambiente real que o Rei quer visitar, sentar, falar e prometer Seu amor. Cada estação ou mistério comtemplado do Rosário é uma entrega de si à vivência bíblica sobre a cura, libertação e salvação. É um jardim especial para todos, sem exceção, sem discriminação, sem ideologias, um lugar florido e belo, de olhares de amor e ação de avivamento para o mundo. Tudo isso consiste em um lugar secreto e particular onde é possível encontrar o amor da mãe Maria e, com ela, o Espírito Santo de Deus, caminho que leva Àquele que está no trono. Este jardim sobressai em beleza incomparável a nenhum outro, sobre o qual Maria é a seta do precioso lugar. Nesse lugar ocorre o Pentecostes, esse jardim é o coração do Senhor Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida abundantes, porque somos Dele e para Ele são todas as coisas.[vi]

Referências Bibliográficas:

[i] Natureza Ecoturismo. Os 15 mais belos jardins do mundo -Revista Viagem [online ] https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/os-15-mais-belos-jardins-do-mundo/

[ii] Bíblia sagrada – Ave Maria - https://www.bibliaonline.com.br

[iii]São João, 19,41 - Bíblia Católica Online- Leia mais em: https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-joao/19/

[iv] Uma rosa oferecida a maria - http://www.montfort.org.br/bra/veritas/religiao/uma-rosa-oferecida-a-maria-parte-i/

[vi] Casa e Jardim - Os 12 Jardins Mais Lindos Do Mundo- Disponível em Revista [online ] Casa e Jardim - https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Paisagismo/Jardim/noticia/2016/11/os-12-jardins-mais-lindos-do-mundo.html .

 

Flavia Marques do Nascimento

3° Elo da Comunidade Renascidos em Pentecostes

Formação Profissional: Turismóloga e Tecnóloga em Gestão de Processos Gerenciais

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