Mas afinal, o que é uma oração?
São João Damasceno nos diz: “É uma ascensão da alma para Deus” e santo Agostinho já havia dito: “A oração é uma intenção afetuosa do espírito para Deus”. Podemos reduzi-las assim: “É uma elevação da alma para Deus, com o fim de lhe prestar as homenagens que lhe são devidas e de pedir as suas graças, para assim, nos tornarmos melhores para sua glória”, conforme escreve Adolphe Tanguerey.
A oração tem sido, desde o princípio dos tempos, a mais efetiva aproximação do homem com Deus.
A oração é um meio interno de perfeição, assim como o desejo de perfeição, o conhecimento de Deus e de nós mesmos e a conformidade com a vontade divina. Todos os santos, sem exceção, trilharam por este caminho de santidade, que é a ORAÇÃO.
Assim, irmãos, se quisermos nos aproximar de Deus, temos que orar e orar muito! Mas como orar?
Temos vários graus de oração, que dependerá do quanto você estiver mais próximo de Deus. Assim temos:
1) Oração Vocal-(para os principiantes, primeira morada de Santa Teresa na Via Purgativa).
2) Oração Mental - (também chamada de oração de Meditação, segunda morada de Santa Teresa na via Purgativa).
3) Oração Afetiva - (oração para os avançados na perfeição, terceira morada de Santa Teresa na via Iluminativa).
4) Oração de Simplicidade - (também chamada oração de contemplação, de simples olhar, ou de recolhimento, quarta morada de Santa Teresa na via Unitiva).
5) Oração de Quietude - (também chamada de oração dos gostos divinos, oração de silêncio, quarta morada de Santa Teresa na via Unitiva).
6) Oração de União Plena – (também chamada união simples ou união plena das faculdades interiores, quinta morada de Santa Teresa na via Unitiva).
7) A União extática – (desposórios espirituais).
8) A União Transformante – (ou matrimônio espiritual).
Falarei aqui da oração vocal e mental, posteriormente postarei as demais.
ORAÇÃO VOCAL- (oração dos principiantes da primeira e segunda morada de Santa Tereza).
É a oração que se exprime por palavras ou gestos. São exemplos de oração vocal: O Santo Rosário, o Terço e Jaculatórias. A recitação do Terço com a contemplação dos mistérios, aumentará a devoção à Santíssima Virgem e o hábito de nossa união com nosso Senhor
Jesus Cristo. Esta é uma oração dos principiantes no progresso da vida espiritual. Para progredirmos na oração é necessário que fiquemos atentos a um bom exame de consciência, fazendo sempre confissões, confessando, inclusive, as faltas veniais de propósito deliberado (aquelas que fazemos com consentimento de nossa vontade própria).
Vale muito mais rezar menos orações, mas fazê-lo com mais atenção e piedade. Jesus Cristo nos diz: “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os gentios que imaginam ser ouvidos à força de palavras. Não vos pareçais com eles, pois que o vosso Pai sabe o que vos é preciso, antes que lhe peçais”. Jesus ensina-nos então, a oração do Pai- Nosso que contém tudo quanto podemos pedir.
Assim, irmãos, alguns segundos que nos colocamos na presença de Deus, em união com Nosso Senhor Jesus Cristo, assegurará a eficácia da oração. No caso do Rosário, quando as mesmas orações se repetem muitas vezes, deve-se ter o cuidado de meditar sobre os mistérios com a dupla intenção de honrar a Santíssima Virgem e pedirmos as virtudes que correspondem ao mistério. Assim meu irmão (a), se você estiver orando com vã repetição, vagueando em seus pensamentos com a imaginação indo para longe do centro da oração, é melhor parar. Uma só Ave Maria com seu coração elevado a Deus é mais acolhido do que mil Ave Marias rezado com distração.
ORAÇÃO MENTAL- (ou oração de Meditação - via Purgativa)
É a oração que se faz no interior da alma. Você conversa com Deus em verdade e espírito. Você, irmão (a), não usa sua voz, é uma oração feita no seu interior usando o raciocínio. A meditação existiu sempre: os escritos dos profetas, os salmos, os livros Sapiencais estão cheios de meditações insistindo sempre no culto em espírito e verdade. Jesus Cristo nos ensina orando longamente no jardim das Oliveiras e no Calvário, preparando ou exemplificando o caminho a essas almas interiores, que deveriam retirar-se à cela do coração para lá orarem a Deus em segredo.
Assim, podemos resumir que a meditação é uma conversação com Deus, que dia a dia se torna mais íntima, mais afetuosa, mais prolongada e que, aos poucos, se torna uma verdadeira relação de Pai e filho.
A meditação é utilíssima à salvação e perfeição. O que ela nos proporciona podemos descrever (conforme o livro Compêndio de Teologia Ascética & Mística- Adolphe Tanquerey) como:
_ Desapega-nos do pecado e das suas causas, visto que pecamos por irreflexão e fraqueza de vontade, a meditação corrige esse duplo defeito.
_Ilumina-nos sobre a malícia do pecado e seus temerosos efeitos, mostrando-nos à luz de Deus, da eternidade e do que fez Jesus para expiar o pecado.
_Desapega-nos também do mundo e dos seus falsos prazeres; relembra-nos a fragilidade dos bens temporais, os cuidados que nos acarretam, o vácuo e o fastio que deixam na alma; premune-nos contra a falsidade e corrupção do mundo e faz-nos compreender que só Deus pode ser a nossa felicidade.
_ Desapega-nos sobretudo de nós mesmos, do nosso orgulho, da nossa sensualidade, pondo-nos na presença de Deus, que é a plenitude de nosso ser; e do nosso nada, mostrando-nos que os prazeres dos sentidos nos envilecem abaixo dos irracionais, enquanto as alegrias divinas nos enobrecem e elevam até Deus.
_ Fortifica-nos a vontade, dando-nos não somente convicções, mas curando pouco a pouco a nossa inércia, covardia e inconstâncias: é que efetivamente só a graça de Deus, auxiliada pela nossa cooperação, pode curar essas fraquezas.
_Faz-nos praticar todas as grandes virtudes cristãs:
1) Ilumina a nossa fé, pondo-nos diante dos olhos as verdades eternas, sustenta a nossa esperança, estimula a nossa caridade, manifestando-nos a beleza e bondade de Deus.
2) Torna-nos prudentes, pelas considerações que nos sugere, antes de passarmos à ação; justos, conforme a nossa vontade com a de Deus; fortes, tornando-nos participantes do poder divino; temperantes, mitigando o ardor de nossos desejos e paixões. Não há, pois, virtude cristã que não possamos adquirir com a oração cotidiana; por ela aderimos à verdade, e a verdade, livrando-nos dos nossos vícios, faz-nos praticar a virtude.
3) E assim é que ela prepara a nossa união e até a nossa transformação em Deus. Na verdade a meditação é uma conversação com Deus que, dia a dia, se torna mais íntima, mais afetuosa, mais prolongada, porque se continua no meio da ação em todo o decurso do dia.
Irmãos, meditaremos sobre a criação, sobre os direitos de Deus, criador, santificador e redentor; a Sua santidade, a Sua misericórdia, sobre o destruidor da vida sobrenatural que Deus nos deu como o maior sinal do Seu amor, e que o Redentor nos restituiu com o preço do Seu Sangue. Temos também que meditar em como expiar e prevenir o pecado, a penitência, a mortificação, nossos deveres gerais de religião para com Deus, de caridade para com o próximo, desconfiança de nós mesmos, deveres particulares em relação com a idade, condição, sexo, e estado de vida. Quais livros devemos meditar para melhor mergulhar nesta santa oração?
O livro Imitação de Cristo, O Combate espiritual ou um livro de meditações breves e substanciosas.